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1 – O autismo é causado pela falta de afeto dos pais

O autismo é uma doença relacionada com o desenvolvimento neurológico, com bases biológicas e uma forte componente genética. O gene que causa o autismo ainda não foi encontrado porque a origem da doença está ligada à constante alteração de vários genes e a fatores ambientais (doença multifactorial).

2 – O autismo é causado pela exposição a determinados materiais tóxicos, como o mercúrio

Foram desenvolvidas inúmeras investigações sobre esta questão em agências internacionais independentes e nenhuma até agora provou esta hipótese que, infelizmente, é bastante popular. Do mesmo modo, nunca foi provada a eficácia de dietas, terapias com animais, massagens, música, etc.

3 – Uma criança autista pode ser curada com uma intervenção psico-analista

Esta teoria, ligada à hipotese do autismo ser provocado por um fator que não o biológico, já foi provada por vários estudos, realizados aliás em importantes instituições, estar completamente errada. Infelizmente é um mito que continua vivo em muitos países.

4 – A única coisa que pode ajudar uma criança autista são as intervenções médicas

Atualmente não existe cura para o autismo. A ampla gama de distúrbios associados à doença requer uma intervenção que involva fortemente a família, a escola e a sociedade no geral. Com a chegada à idade adulta, um autista precisa também de ajuda para gerir a sua experiencia laboral e a sua autonomia pessoal e social. Alguns fármacos, porém, podem ser úteis para combater certos sintomas frequentemente associados ao autismo, como a hiperatividade, a agressividade e a obsessão.

5 – O autismo passa com a idade

Uma intervenção precoce aumenta as probabilidades de sucesso da terapia e permite a todas as crianças autistas alcançarem o máximo do seu potencial de autonomia e conhecimento, facilitando assim a entrada na vida adulta. Na ausência de terapia ou no caso de uma intervenção tardia, a possibilidade de a criança poder vir a disfrutar de uma vida autónoma é drásticamente reduzida.

6 – Nenhuma terapia é realmente útil: na verdade, não há nada a fazer

Na verdade, rigorosos estudos científicos demonstram que uma intervenção comportamental intensiva pode melhorar as competências relacionais, comunicativas e de autonomia das crianças autistas, dando-lhes uma melhor qualidade de vida.

7 – O autismo é um distúrbio muito raro

Dados recentes demonstram que 1 em cada 150 crianças é autista, e só no Brasil 300.00 pessoas são afetadas por esta doença (65.000 em Portugal). Porém, a maioria destas pessoas não se destaca fisicamente, o que pode dificultar o reconhecimento da presença da doença e levar a que estas pessoas sejam apenas consideradas “estranhas” ou socialmente inadequadas.

8 – Uma criança autista é, na verdade, um génio

As crianças autistas possuem, por vezes, surpreendentes capacidades, contemporâneas a graves déficits: uma criança pode recordar-se do aniversário de todos os seus colegas mas não ser capaz de utilizar corretamente os pronomes pessoais “eu” e “tu”. Pode ler perfeitamente mas não entender uma única palavra do que leu.  As crianças autistas apresentam uma grande variedade em termos de quociente intelectual, mas a maioria tem déficits cognitivos evidentes e apenas uma pequena percentagem tem um QI superior à média.

9 – Se a criança fala, não pode ser autista

A linguagem é uma das áreas em que as crianças autistas geralmente têm dificuldades. No entanto, algumas desenvolvem uma linguagem avançada, ainda que limitada ao nível do número de palavras usadas, da correção ou da capacidade expressiva.

10 – Uma criança autista só precisa de amor

Na verdade, para além do amor, há uma grande competência técnica envolvida nos programas de reabilitação. Como todas as pessoas, os autistas têm diferentes personalidades, capacidades, dificuldades e contextos de vida, pelo que se torna indispensável uma formação específica e uma boa experiência prática para compreender e ajudar cada uma destas pessoas.

 

Retirado de O nosso filho é autista, de Stefano Vicari