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De 1 a 5 de Novembro de 2016

A Centro Studi Erickson participará no VII Congresso Brasileiro de Educação Especial, um importante fórum, organizado pela Universidade Federal de São Carlos, para analisar o progresso e debater o conhecimento científico adquirido no âmbito da educação especial a nível nacional e internacional.

Este ano esperam-se mais de 1.400 investigadores e estudantes provenientes de 37 universidades federais, 18 estatais e 57 instituições superiores privadas, para além da presença de 15 secretários de Estado da Educação, 32 Secretarias municipais de Educação e várias instituições de saúde especializadas e escolas.

A Centro Studi Erickson será representada por Dario Ianes, Heidrun Demo e Giorgio Dossi.
De seguida apresentamos as palestras dos nossos representantes

 

2 de Novembro de 2016
Da educação especial à educação inclusiva

Dario Ianes (Professor catedrático de Pedagogia e Didática Especial do Curso de Licenciatura em Ciências da Formação Primária na Libera Università di Bolzano e co-fundador da Edizioni Centro Studi Erickson de Trento)

Da educação especial à educação inclusiva: o percurso cultural de Itália
Depois do encerramento, nos anos 70, das escolas e turmas especiais, o sistema educativo italiano escolheu a “normalidade” para os alunos com deficiências, ou seja, a participação plena de todos na escola, mesmo aquando de casos mais graves. Não estar separado, marginalizado, mas antes estar (e fazer) com os coetâneos que não têm qualquer deficiência foi a conquista da “normalidade”, uma grande conquista com um enorme valor ético, civil e jurídico naqueles anos, que assistiram também a um outro grande movimento de desinstitucionalização, através da Lei Basaglia, que ditou o encerramento dos manicómios, instituições inteiramente dedicadas a pessoas com doenças mentais.
É neste cenário de normalidade, no qual há já vários anos se procura responder às necessidades de aprendizagem e participação social dos alunos com deficiências, com resultados mistos e grandes diferenças entre as várias áreas do País, que discutiremos o tema da “especialidade”, isto é, tudo o que diz respeito específicamente aos alunos com deficiências, nomeadamente intervenções técnicas eficazes baseadas na observação e necessárias para responder adequadamente a situações específicas de aprendizagem e relações pessoais.

Existem alguns aspetos perigosos neste tema: sobretudo acreditar que colocar os alunos num contexto normal é suficiente para promover a sua aprendizagem e boa participação social. A normalidade sem um enriquecimento “técnico especial” não é capaz de responder adequadamente às necessidades complexas das pessoas com deficiências.
Um segundo perigo advém das novas formas de delegação da educação para professores especializados  que trabalham em salas separadas (em Itália existem 125000 professores de apoio, mais de 12% de todo o corpo docente), o que em muitos casos constitui uma autêntica micro-exclusão, mascarada e negada nas declarações oficiais. O governo atual pretende especializar ainda mais os professores de apoio, separando-os assim cada vez mais dos docentes normais, em nome das necessidades específicas das várias deficiências.
A “especialidade” é, porém, uma necessidade e uma oportunidade quando realizada através da difusão de competências técnicas especiais entre todos os docentes normais para que possam realizar uma didática inclusiva com todos os alunos. Esta ideia está ilustrada no livro “A especial normalidade” traduzido no Brasil pela Editora Pulso.

Heidrun Demo (investigadora a realizar um Douturamento na Facoltà di Scienze della Formazione della Libera Università di Bolzano)

Nos últimos quarenta anos, o sistema da escola italiana que define quais os alunos que têm direito/necessidade de individualização/personalização e que formas concretas devem assumir estas adatações e distinções, evoluiu – tanto ao nível da didática quotidiana como ao nível da avaliação formal.
O sistema educativo italiano passou de um modelo estreitamento clínico e individual (reconhecimento médico apenas das várias deficiências, baseado na Lei 104 de 1992) que previa a utilização de um PEI (Plano Educativo Individualizado, com muitos objetivos diferentes dos previstos no programa geral para as turmas), a um modelo psico-educativo (que reconhecia as várias Dificuldades de Aprendizagem através de um diagnóstico composto por critérios definidos internacionalmente) que contava com a criação de um PDP (Plano Didático Personalizado, que incluía várias formas de “compensação” que ajudassem os alunos a atingir os objetivos definidos para o resto da turma).
A última alteração, aprovada em 2013, suscitou muita polémica no mundo escolar, já que introduziu uma abordagem pedagógico-didática (reconhecimento do direito de personalização também a outros alunos com Necessidades Educativas Especiais diferentes, nomeadamente alunos com problemas comportamentais, sociais, afetivos e de desvantagem social e económica), que engloba um Plano Didático Personalizado semelhante ao dos alunos com Dificuldades de Aprendizagem. Deste modo, a necessidade de atenção especial na aprendizagem e na participação social foi extendida a um maior número de alunos, através da responsabilidade pegagógica e didática atribuída diretamente nos professores.

 

4 de Novembro de 2016
Giorgio Dossi (Presidente da Edizioni Centro Studi Erickson, Trento, Itália)

PUBLICAÇÃO E DIFUSÃO CIENTÍFICA COMO APOIO À INCLUSÃO ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA ITALIANA

A atividade editorial da ‘Edizioni Centro Studi Erickson’ tem acompanhado desde o princípio (no início dos anos 80) as várias políticas e legislações que marcaram a evolução do sistema educativo nacional em termos de inclusão, contribuindo não só para a difusão da temática mas também para a aplicação “concreta” de metodologias e ferramentas que favorecem “práticas inclusivas” nas escolas, da parte dos professores e outros profissionais (psicólogos, pedagogos, educadores, terapêutas da fala, etc.).
Desde então, a Erickson, com os seus dois fundadores – os professores Dario Ianes e Fabio Folgheraiter, contribuiu para o debate nacional sobre o tema da inclusão das “pessoas com deficiências” nas escolas e na sociedade, com uma série de publicações científicas, inicialmente traduzidas em grande parte do mundo anglo-saxónico. Sucessivamente, a Erickson começou a focar-se também na investigação realizada no mundo académico italiano, partilhando métodos, estimulando o desenvolvimento da investigação prática e publicando as experiências mais significativas e eficazes (boas práticas). Deste modo, concedeu uma forte credibilidade “científica” às suas próprias publicações.
Paralelamente, a Erickson tem mantido uma forte relação de colaboração com o mundo escolar, tendo-se tornado um autêntico “mediador” entre a investigação académica e científica e a prática didática e educativa realizada nas salas de aula. Nasceram, assim, obras fundamentais que marcaram profundamente o caminho para a inclusão escolar em Itália. Atualmente, o Catálogo Erickson conta com mais de 2000 títulos sobre vários temas: dificuldades e perturbações específicas da aprendizagem (Dificuldades de aprendizagem: dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia), didática de recuperação, apoio e fortalecimento, integração das pessoas com deficiências, problemáticas da adolescência, psicologia (escolar, aplicada, clínica) e trabalho social/welfare. No catálogo encontram-se também propostas para um público mais amplo, que ajudam a compreender e a enfrentar de modo psicologicamente correto situações pessoais e sociais da vida quotidiana: a educação, as emoções, as dificuldades ligadas à educação e à relação entre pais e filhos, etc.
A Erickson é a editora italiana oficial da International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF, 2002 e ICF-CY, para crianças e adolescentes, 2007) da WHO (Organização Mundial de Saúde).
Para concluir, assinalamos ainda a intensa atividade de formação dirigida às profissões educativas, da qual se destaca a convenção bienal: “A Qualidade da Integração Escolar e Social” (que contou com mais de 5000 participantes em 2015).
Com a sua atividade, a Erickson contribuiu de maneira significativa para a difusão de conhecimento científico e académico relativo ao tema da inclusão escolar, para a sua aplicação nas escolas italianas e para a definição de políticas cada vez mais avançadas, a favor de uma “escola inclusiva” a todos os níveis.